Comunicado do Grão-Mestre: “O Coronavirus e o Futuro”

2 DE ABRIL DE 2020

Tudo na vida tem um ciclo, um principio, meio e fim.

Todas as coisas, circunstâncias adversas ou agradáveis, são transitórias. Nada é definitivo.

A Humanidade enfrenta um desafio sem precedentes.

Não foi uma guerra, um meteorito, uma invasão extra-terreste ou um acto terrorista.

É  um vírus de dimensões microscópicas que ataca um gigante, que afinal descobre que não é sequer semi-deus.

Descobrimos que afinal, somos todos iguais, todos irmãos, que estamos ligados e que dependemos uns dos outros.

Afinal chegamos à conclusão que só há uma raça. A Raça Humana.

Infelizmente esta aprendizagem está a fazer-se pela Dor mas só a poderemos ultrapassar pelo Amor.

Estamos a fazer a viagem pelo Cabo Bojador e ainda não chegámos ao Cabo das Tormentas, que aí virá em breve. Mas a história repetir-se-á e o Cabo transformar-se-á em Esperança.

É nestes momentos de Escuridão que os Homens se revelarão.

 Irão ver o pior e o melhor do Ser Humano. Mas é nas noites mais escuras, que as estrelas brilham mais. Recordemo-nos que a Sombra é apenas a Luz que não se vê. 

Estes são tempos de mudança.

Após a catástrofe que foi a 2ª Guerra Mundial, a Humanidade soube adaptar-se e foram criadas várias instituições ( muitas delas de base maçónica ) que sustentaram até hoje as nossas sociedades. 

Foi assim que apareceram as Nações Unidas, uma organização criada para promover a cooperação internacional. Surgiu também o Fundo Monetário Internacional (FMI) com o objetivo, inicial, de

ajudar na reconstrução do sistema monetário internacional no período pós Grande Guerra. Outros organismos surgiram depois da 2ª Guerra Mundial como a Organização Mundial do Comércio para supervisionar e liberalizar o comércio internacional, a Organização Mundial da Saúde, a UNESCO e após as sucessivas crises financeiras da década de 1990, criou-se o G20.

 Todas estas organizações foram respostas ao momento passado. Já passou o seu prazo de validade.

Com os desafios que nos esperam será certamente refundada uma nova sociedade.

A maçonaria é também, uma realidade do tempo presente e por isso, o que procuramos está no Futuro não no Passado!

Esta Guerra tem 3 batalhas: a Biológica, a Social e a Económica!

Todas elas podem provocar uma certa sensação de Medo. O Medo pode ser nosso aliado, desde que não nos faça parar. Mas atenção que o Medo pode também ser a mais contagiosa das doenças.

O Medo é uma reação emocional: o que fazemos com ele, é uma escolha racional.

A nossa sociedade encontra-se numa encruzilhada, onde parece que a escolha é binária. Entre trabalhar e adoecer. Entre deixar morrer pessoas ou matar a economia.

 A resposta a esta pergunta está relacionada com a sociedade que queremos no Futuro.

 Até para o prémio Nobel da Economia 2018, Paul Romer, a resposta é evidente : “Quem está morto não trabalha. E para a recuperação económica que se avizinha, precisamos de toda a ajuda possível. Quanto mais depressa a pandemia for debelada, mais depressa voltaremos ao trabalho”.

Não restam dúvidas de que, quem está no leito da morte, trocava todos os luxos, para sobreviver e puder enfrentar uma crise económica sem precedentes como aquela que aí vem. Já estamos tecnicamente em Recessão mas ainda é possível evitar uma Depressão.

Um problema global vai precisar de um solução a nível global. Estranhos do passado serão os vizinhos do futuro.

Temos de ser optimistas porque grande parte da solução passará por nós.

Mas é nestes momentos de incerteza, em que é muito difícil pensar no Futuro, que temos de lançar a “âncora dos valores maçónicos”.

Estejamos atentos. O perigo real desta ameaça pandémica não é só sanitária ou de qualquer outra natureza. Reside sim na ténue fronteira que nos coloca entre uma saída para um futuro que enquadre os nossos valores de uma sociedade justa ou na derrapagem para a exacerbação de um qualquer modelo de uma democracia musculada que esconda um propósito totalitário ou ditatorial, explorando as duas maiores fraquezas humanas: o medo e a ignorância. 

Existiram gerações antes de nós que assumiram as suas responsabilidades. O erguer da Pátria, o garante da nossa Independência, a gesta dos Descobrimentos, a recuperação do Terramoto, 1ª Guerra Mundial, Guerra de Ultramar, a Liberdade e tantos outros desafios. Chegou agora a nossa vez.

A Hora é quando nós quisermos.

A Hora . . . é Agora !!!

 Estamos num período de transição e temos de nos preparar. Os obstáculos podem ajudar a unir as pessoas.

Vamos focar a nossa energia, nos objectivos da vida e nunca nos problemas e dificuldades que surgem no nosso caminho.

Somos seres em contínua evolução e precisamos de aprender a adaptar-nos.

Depois da Tempestade vamos ter um mundo novo.

Talvez consigamos descortinar a singularidade mística que está em todas as coisas que acontecem e aproximar-nos da essência do Ser Humano e da Natureza, e nesse processo, a Solidariedade, a Partilha e a Fraternidade serão os nossos 3 pilares.

Não nos esqueçamos de que somos seres espirituais a viver uma experiência material.

Vamos então rezar como se tudo dependesse do GADU e agir com se tudo dependesse de nós.

 É  por isso que esta comunicação não é uma resignação mas sim um “Call to Action. “ Ter problemas na vida é inevitável. Ser derrotado por eles é opcional.

Todos temos actividades diferentes. Uns com mais e outros com menos responsabilidades. Uns trabalham para entidades patronais outros são empresários. 

Uns serão mais e outros menos afectados.

Alguns de nós terão familiares ou conhecidos que serão infetados por esta epidemia.

Neste momento de incerteza não tenho respostas. Só perguntas. Mas quero no entanto dizer-vos uma coisa.

Ninguém vos pode prometer que tudo vai correr bem. Não tenho a certeza que na minha próxima comunicação vos vou encontrar todos bem. Mas neste momento de mudança ou nos unimos como uma Egrégora ou cairemos individualmente.

 Este é um desafio que partilhamos com a Humanidade.

 Aconteça o que acontecer, quero-vos garantir, que a SOBERANA, que somos todos nós, está firme no propósito de não deixar nenhuma Loja para trás, de não deixar nenhum Irmão sozinho, todos Caminharemos Juntos. 

Teremos de nos reinventar. De Aprender a dançar á chuva. De realizar a união mística dos 2 extremos gnósticos. A fusão do material e do espiritual.

 Mas não é esse o desígnio do Maçom ? Aprender, religar-se com a sua essência divina?

 Teremos de reconstruir o nosso Templo interior e exterior.

 Porque conforme nos revela a chave iniciática em latim, “Adhuc Stat”, o capitel da coluna cairá mas a base é sólida e poderá ser reconstruída.

Tenhamos Esperança, mas não fiquemos à espera que alguém nos venha salvar.

Quando o “Nevoeiro” se dissipar vamos ter uma surpresa.

É que afinal o D. Sebastião somos nós.

Nós, somos as pessoas de quem temos estado à espera.

O 5º Império é o cumprimento colectivo do ouro dos filósofos (do philosophismo), centrado no Encoberto, porque ele é, na concepção hermética portuguesa a simbolização exacta da Pedra Filosofal.

Que em cada um de nós brilhe aquele relâmpago, faísca divina, que nos tira da noite vil em direção ao Novo Dia.

Como no dia da Iniciação, procuremos no nosso íntimo a razão que ilumina a vida que vale a pena ser vivida.

Neste momento que ficará para a história e constará dos compêndios escolares, sejamos verdadeiros Maçons. A melhor versão de nós próprios.

Com a ajuda do Grande Arquitecto do Universo vamos conseguir.

O COVID-19 vai passar. E nós vamos continuar!

Este é um adeus no presente lançado para o futuro.

 Valete Frates

 Á Glória do Grande Arquitecto do Universo. A Bem de Portugal.

A Bem da Humanidade.

João Pestana Dias

Grão-Mestre da Grande Loja Soberana de Portugal

Lisboa, 01 Abril 6020